sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Aviões roubados em Angola aparecem em... Hollywood



Alguns dos aviões russos Antonov que desapareceram em Angola durante a guerra entre o MPLA e a UNITA podem ter sido utilizados nas filmagens do filme "O Senhor das Armas", como revelou a revista russa Ekho.

O principal personagem desse filme é o traficante de armas soviético Iúri Orlov, interpretado pelo ator Nicolas Cage e que teve como modelo Victor Bout, russo que foi detido em 2008, na Tailândia, a pedido das autoridades norte-americanas. Entre outros crimes, Bout, antigo militar russo que domina perfeitamente o português e trabalhou em Angola e Moçambique, é acusado de traficar armas.

Especialistas ficaram atônitos com descoberta "Quando assistiram esse filme, os nossos especialistas em aviação ficaram atônitos com uma descoberta inesperada. Segundo alguns sinais externos, um dos aviões que participou nas filmagens é um dos aparelhos Antonov 12 que desapareceram em Angola e são procurados internacionalmente", declarou à Ekho o piloto de testes russo Serguei Kudrichov, que dirige uma organização que tenta descobrir o paradeiro de tripulações russas desaparecidas em Angola.

"Isto é uma nova pista", afirmou Kudrichov à Agência Lusa, acrescentando que "na natureza, não existem dois aviões iguais. São como as impressões digitais. Cada um tem as suas particularidades: cabines, asas, fuselagem, aparelhos externos".

"A nossa organização falou com especialistas e pilotos que se recordam de todas as particularidades do avião que desapareceu na África. Claro que se trata de um reconhecimento visual, que não dispensa uma análise direta do aparelho", precisa o piloto russo.
Kudrichov disse à Lusa que a organização que dirige - "Pelo Regresso a Casa" - vai pedir esclarecimentos aos produtores de "O Senhor das Armas".

Entre 1997 e 1998, nos céus de Angola desapareceram cinco aviões com 23 tripulantes, cidadãos da Bielorússia, Rússia, Moldova e Ucrânia. Em Janeiro de 1998, um Antonov 12 desapareceu depois de ter decolado do aeroporto angolano de Ngzaje. Entre os passageiros estava o cidadão português Antonio Horta.

Serguei Kudrichov e os familiares dos pilotos russos desaparecidos não têm dúvidas de que é preciso continuar a busca dos aviões, considerando que os aparelhos não caíram, mas são utilizados em negócios poucos transparentes em África.

"Num encontro com os familiares dos desaparecidos, o general Roberto Leal Ramos Monteiro Ngongo, então embaixador angolano na Rússia, reconheceu que os serviços secretos angolanos teriam interceptado uma comunicação de rádio do comandante Stadnik sobre o desvio da tripulação do Antonov-12 e sobre o seu trabalho na mira de metralhadoras", recorda Kudrichov.

"Recentemente, encontramos dois aviões semelhantes aos que procuramos há dez anos. O nosso perito, que se arriscou a aproximar-se deles, reconheceu-os como 'nossos' por uma série de sinais", adiantou.

"Teve de se afastar rapidamente dos aparelhos devido à pressão da segurança", prossegue Kudrichov, e acrescenta, mostrando fotografias aéreas dos aparelhos: "Isto confirma essa informação".

O piloto russo não revela o nome do aeródromo em que foram vistos os aparelhos russos por razões de segurança das tripulações, mas a agência Lusa apurou que se trata de um país vizinho de Angola.

"Acreditamos que as pessoas que procuramos podem estar nas mãos de uma terceira força, que atua em todo o Sul da África. Nessas regiões há minas de ouro, diamantes e platina e, frequentemente, são controladas por mercenários que garantem os interesses de homens de negócios estrangeiros", frisou.

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